quinta-feira, 16 de julho de 2009

na casa vazia as molduras caem e tudo se mantém

o vento que entra pela casa a dentro,
provoca suspiro e assobios nos cantos despidos de mobilia e de gente
faz barulhos estranhos que parecem passos e corpos
arredonda esquinas e brinca com o pó
faz-se vida, sobe e desce escadas vazias há muito tempo.
lembra-se de como já passeou por cima da areia da praia
e de como, com a distância de uma ida, se fez brisa e corrente de ar numa casa vazia.
brincou com cortinas rasgadas e virou páginas de revistas esquecidas no chão
fez cócegas nos bigodes dos senhores das molduras e levantou os saiotes das senhoras compostas que habitam nelas, de mãos dadas.
o vento que entra pela casa a dentro,
quase despenteou os pássaros mortos no chão,
quase tropeçou nas roupas perdidas,
quase fez parecer que aquela casa estava viva.
mas não estava e não conseguiu.

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