quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

À chegada inflamada abandonamos a partida perdida

há dias que lembram dias, dias de pequenos passeios na areia, dias que são noites, dias que são dias maiores e mais importantes. há dores de barriga que se sentem sem pensar em nada e há borboletas que voam no peito sem direcção definida. vivo com as palavras nos dedos e com os pensamentos inflamados constantemente. não me sinto viva se não sentir a ida e a volta, o turbilhão da chegada. em cada dia que me lembra de outro dia, tenho direito a um sorriso, aquele que faz mais um dia para lembrar de outro.



hoje é mais um dia em que, sozinha, sorrio por me lembrar de dias de sorrisos.
obrigada.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

se tu quisesses ver, não terias a capacidade de sentir

ai, que isto hoje bate que nem um turbilhão dentro do peito. são vestigios da concepção, da quimica que queima as terminações nervosas e bloqueia o sono, a fome, a realidade palpável. são luzinhas incendiárias que se vêm à transparência quando pomos os corpos em contra-luz. é o rapto precoce e digno de recordação de barba branca que leva consigo toda a existência realista.
vejo assim ao longe, as mãozinhas dadas e os sorrisos incomparavéis, regozijo-me em pulinhos assarapantados e bloqueio dos gritos de felicidade porque está frio e nem toda a gente compreende que seja possível explicar o inexplicável. vou e venho e tudo continua cá e por aí. sinto-me tão mais livre que não consigo descrever.

.sobre a pequena máquina.

se alguém um dia te roubar aquela pequena máquina que bate forte no teu peito, dá-lhe um papelinho com a morada e pede-lhe que to devolva com aviso de recepção. é sempre mais fácil remendar pedacinhos que sabes que regressarão, do que tentar descobrir onde foram lançados ao vento. e, em certos casos, não te esqueças de passar recibo, para que a pessoa saiba que o roubo foi caro e que deixa sequelas. se ainda assim, com tanto cuidado, foi um assalto violento, deixa-te estar e finge morta, não há melhor maneira de recuperar do que não recuperando e apenas aguardando que a pequena máquina auto-remende os pequenos fragmentos destruídos.