domingo, 26 de abril de 2009

sob a paixão

dos pulos, aos pulos, a historia inimaginável de um futuro pretendido e inapetecido pelas fomes do estranho sentir.
ao nascer o dia, ela levantou-se da sua cama de lençois amachucados, de almofadas desmembradas e de corpos nús, em posição de total ausência de pudor, caminhou meio ensonada, de olhos semi-cerrados para o primeiro cigarro da manhã. acendeu-o, pegou em três laranjas, espremeu-as e sentou-se na bancada da cozinha, com o cigarro acesso numa mão e o copo de sumo na outra.
a madrugada levantou-se tb ela, para deixar brilhar um sol tímido, de meio aquecimento, que mordia a areia da mesma forma tímida que os amantes se aproximaram na noite anterior. não há velocidade quando dois corpos se atraem, o tempo pára nesse pudor que luta contra a tensão instalada e impossível de reprimir.
ouviu um som, olhou para trás e viu o segundo corpo, aquele que tinha deixado adormecido na cama, a dirigir-se a ela, soltando um longo bocejo de noite descansada em colo confortável. roubou-lhe o pouco que restava do 1º cigarro, debruçou-se sobre ela, beijando-lhe o pescoço, incendiou de novo a sua pele, arrepiando levemente como a brisa súbtil que subia do mar nessa manhã. o copo de sumo ficou por terminar mas cada onda que nascia lá fora, corria até à areia, onde se desenrolava ora feroz ora delicadamente, reflexo do tudo que se passava com eles. eles até ao fim, seguindo a vida de quem não pára, de quem não existe, do fim que é o começo.

sábado, 25 de abril de 2009

doce

é tão mais simples quando se sabe.
como.
dizer.
adeus.

adeus.

Strawberries in the prairie


Há uma esperança estranha nos dias em que se vive
aquela que se vai infiltrando de mansinho

que cria raízes fora dos contextos habituais

onde menos esperamos.

Há uma esperança estranha que aterra, levanta vôo, se impõe expondo-se.

Vows are spoken to be broken


prometo nunca ir embora, nunca te deixar
escolhi tudo ao pormenor para deixar aqui as minhas lembranças
os pedacinhos de mim que vais amarrar em ti e chorar

prometo que volto, por uns minutos
para te apertar com força
e desejar-te o quanto te sinto
agora tenho de ir, pegar em mim e ir

domingo, 19 de abril de 2009

exporto-me




consegues imaginar a intimidade dos outros a escorrer por cima de ti, como uma nódoa que não quer sair, como um dia cinzento que se impinge ao teu sorriso e o dobra no sentido da gravidade.
usarei a minha melhor lixivia gentil para limpar de mim esta nódoa e sacudir dos céus, as nuvens negras da inconsistência.


sou egocêntrica, que se f*da

terça-feira, 14 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

Cavechick


É que às vezes mas só às vezes, quando os momentos se sucedem a velocidade avassaladora, apetece pegá-lo pelos colarinhos, tomá-lo em todo o seu tamanho e arrastá-lo comigo para o beijo mais maravilhoso da história do arrastão pelos cabelos.

coscorões em forma de corações

raios para o silêncio dos corações
para a indecência despida
para as inúmeras e longas horas de ausência de corpos
palmas para o calor das almas desoladas pelos dias infinitos
ai...raios...tantas colinas percorridas a correr, na esperança de chegar à vista perfeita
e, no entanto, a diversão estava no meio e não nos apercebemos disso.
raios, para ti, para mim, para a terra do nunca.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Your heart in my hands




Como sempre foi, aquele ser vermelho, da cor de uma semente que arde, irradiando movimentos de certezas absolutas, monitorizadas à velocidade do sangue que corre.

Da doce intempérie dos sentimentos


olha só, os passinhos devagar caminhados!

Parece que há dias em que acordo e sou uma pulguinha saltitante capaz de vencer a maior ventania, aquela capaz de levar as aves para o mar e nunca as deixar regressar.

sábado, 4 de abril de 2009

Wake up and smell the daffodils



Existe um calor nestes dias, que transcende a capacidade de querer voltar. Agito o combustível da impossibilidade e acendo com pequenas faíscas dores antigas, para que se consumam de uma vez só. Alimento o fogo magnânimo com insistência, toco, colocando os dedos, um por um, e no fim, a minha pele arde em despedida.

No fim há sempre lágrimas, há sempre ressentimento.