segunda-feira, 30 de abril de 2012

domingo, 29 de abril de 2012

Sabedoria popular



Alecrim aos molhos

Ela que se despe, que se recusa a ter roupa sobre o corpo, decide mostrar que não tem vergonha porque o corpo é seu e o pode mostrar, despojando-se do que mais a envergonha, a vontade de escondê-lo. Ela que vive na guerra entre as vontades de que quer ser e do que pode ser, tira a roupa, primeiro em frente ao espelho e depois, recusa-se a olhar-se de frente. Ela que cai e chora sobre si mesma, levanta-se e parte o espelho, não querendo testemunhas para o seu embaraço. Ela que não aguenta mais, não saber se volta a vestir a roupa ou se abre a porta e enfrenta o mundo, nua, sem roupa e sem vergonha. 

Na sombra

Eles fecham-se e ausentam-se e esquecem-se que foram lá, lá se deitaram e lá viveram. Saem e desaparecerem nas sombras, como se nunca tivessem acreditado, nem visto. Esquecem-se da chuva, como se esquecem das palavras e rendem-se ao nunca, porque o para sempre às vezes desliza nas janelas, derrete-se e desaparece.