quarta-feira, 29 de julho de 2009

do tu ao eu, vai um passinho no escurinho.

tenho um presente para ti que escolhi, fiz e escondo. é uma dúvida que assalta os meus pensamentos e pesa sobre as minhas noites. há dias em que não me fazes falta, noutros em que tudo grita o teu estar. ou se calhar, o teu não estar. conheci o teu não saber tão mal, que sinto que mais profundo que tu, há um tu diferente, um tu que não se reprime, que solta os sentimentos, que se deixa ir e bate o pé. um tu que se livra de quem tem de ser. é o tu verdadeiro mas é o tu que não se encaixa e o tu que o racional não permite. tens um eu que brinca contigo no escurinho da noite, esconde-se e aparece de vez em quando, quando estás distraido com o eu que domina. é um drama seres menos eu que gostavas de ser mas não o aceitas, não o permites vencer. queres que tudo seja controlo e não o deixas deitar os pratos ao chão, gritar com quem grita contigo, incapaz de deixar o escurinho teu vencer o teu eu do dia.

to be continued.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

na casa vazia as molduras caem e tudo se mantém

o vento que entra pela casa a dentro,
provoca suspiro e assobios nos cantos despidos de mobilia e de gente
faz barulhos estranhos que parecem passos e corpos
arredonda esquinas e brinca com o pó
faz-se vida, sobe e desce escadas vazias há muito tempo.
lembra-se de como já passeou por cima da areia da praia
e de como, com a distância de uma ida, se fez brisa e corrente de ar numa casa vazia.
brincou com cortinas rasgadas e virou páginas de revistas esquecidas no chão
fez cócegas nos bigodes dos senhores das molduras e levantou os saiotes das senhoras compostas que habitam nelas, de mãos dadas.
o vento que entra pela casa a dentro,
quase despenteou os pássaros mortos no chão,
quase tropeçou nas roupas perdidas,
quase fez parecer que aquela casa estava viva.
mas não estava e não conseguiu.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

aos lentos passos do sentir


porque te roubas a mim?

que às saudades dos corpos que dormem juntos sob céus diferentes,
se somem mais momentos, novos, com a exclusividade que apenas eles se sabem dar.

sou-me hoje, assim.
aqui.desejando o.aí