sexta-feira, 17 de junho de 2011

pequenos contos de cabeceira

Soube a história de uma menina que gostava de molhar os pés em água fria, sempre no pico do Inverno. Ouvi a história com atenção, através dos ouvidos de outra pessoa. Não era a mim que estava a ser contada, mas não pude evitar de me tornar numa pequena atenta receptora de tal conto.
A tal menina gostava de longo passeios descalços na areia fria de Dezembro, de criar pegadas que rapidamente seriam apagadas. O seu sorriso avivava-se com as vagas crescentes do mar. Quanto maior a onda, mais passos rápidos se apagavam da areia. O seu momento preferido era quando a onda ganhava, quando os seus passos não eram tão rápidos que conseguisse fugir e quando acabava por molhar os pés, os tornozelos e até as calças, arregaçadas até ao joelho. Era aí uma menina feliz, com as suas manchas de sal sem mal.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

avelã-pimenta

Voltámos, regressados de dores mais profundas do que as palavras podem exprimir, da impossibilidade de sermos felizes. Encontrámos dois livros de auto-ajuda, cinco workshops de curas espirituais, duas centenas de dias de escuridão porque as janelas estavam fechadas, tantos e tantos desenhos macabros em costas arrefecidas pelo vento e pensámos que, finalmente, estava na altura de escapar da estupidez das dores de peito e enterrá-las num pocinho radiactivo mas isolado, para que crescessem e rebentassem sozinhas. Morte sangrenta a essas estúpidas causadoras de corações dilacerados, esmaguemo-las sem pena, concentrados apenas no momento em que não mais irão ditar sentimentos. Adeus-adeus!

smitten

Que bonitas tardes de sol, apenas pés na areia e mar a salgar os ombros. eram os pequenos sonhos de pequenas pessoas, todas residentes efectivas da sua simplicidade. Todas elas contentes por viverem no presente e na fácil ânsia de dar uma corridinha para apanhar a melhor onda. Só espero que não lhes chova em cima, que não lhes agitem o mar, que não se levante um vento digno de mudar dunas do deserto ou tapar aviões caídos entre elas. Eu só espero que a areia seja sempre branca, as toalhas às riscas, o chapéu de sol, o maior da praia e a praia a maior do mundo. É só um desejinho simples.