terça-feira, 29 de novembro de 2011

verdes campos

Vem aqui. Onde todos estamos bem.

domingo, 13 de novembro de 2011

O meu melhor cão do mundo


Tenho uma lista gigante de exigências para ti.



Quero ver-te fazer tudo de novo, quero ouvir tudo de novo, rir tudo de novo. Quero acordar porque o Sr. Patinhas decidiu que não está contente dentro do quarto e quer sair, quero ter de me levantar da secretária porque Sua Excelência, o Sr. Cão decidiu que a única porta de entrada é a da frente e um cão da sua categoria, nunca poderá entrar pelo portão de trás. Quero ver-te a nadar no rio, muito preocupado que o barco se está a afastar ou que aquela pedrinha que caiu é mesmo a mais importante e só pode ser resgatada com um mergulho de cabeça. Quero que me reconheçam porque sou a dona do Alfredo. Quero voltar a ver-te pequenino, a escavar buracos do teu tamanho no jardim e saber que está alguém à porta porque ladras. Quero ir passear contigo para Sintra e apanhar sustos com cães malucos que quase fazem o ciclista ser malabarista. Quero passar a tarde na praia, entre mergulhos, corridas, garrafas e muitos "- Alfredo, anda cá!". Quero chegar a casa e ter-te à espera porque conheces todos os carros. Quero ter de esconder o fiambre. Quero dar-te festas no 4º degrau. Quero ouvir-te a andar pela casa e a descer os degraus, todo molengão pela manhã. Quero que vás procurar a bolinha e percas a paciência com as gatas porque brincam demais e já não há respeito pelo cão da casa. Quero voltar a ser a única pessoa a quem não ladras, quando a porta abre depois da meia noite. Quero ouvir-te a ladrar ao anúncio da teleseguro. Quero ver-te a fugir das moscas e esconderes-te no meio dos arbustos. Quero que durmas no sofá ou na cama, embora sejam zona interditas. Quero ter de te empurrar para trás quando vou a conduzir porque como cão piloto que és, tens de ir a controlar o caminho e não deixar que mude de mudança. Quero que tentes comer todas as abelhas de novo e que me voltes a mostrar o teu dom especial de tirar primeiro a tampa e só depois brincares com as garrafas. Quero que ladres à ape-50 porque atropelar um cão não é coisa que se faça. Quero que salves mais gatas do esgoto e acabes por ter de superar o teu ódio a gatos, tudo outra vez. Quero que continues a odiar huskies. Quero ver-te a morder as ondas. Quero passear contigo no paredão e poder espantar cães parvos de novo. Quero ver-te na maior felicidade quando vais buscar um de nós ao aeroporto. Quero ver-te na excitação do "- Onde vamos agora? não conheço este caminho! Ah, espera, conheço, sim! Errh, afinal não...". Quero coçar-te as costas e depois a barriga, ser a dona mais orgulhosa do cão mais lindo e mais cómico de todos os tempos.

Pergunto-te agora, Alfredo... Quem é que vai ladrar os parabéns a você na próxima festa de aniversário? Quem é que vai ladrar aos foguetes no ano novo? Quem é que vai escancarar a porta do meu quarto e lamber-me a cara ou pé ou saltar para cima da cama em maneira de bom dia? Quem é que vai fugir na última hora do último dia de férias e atrasar o regresso a casa em três horas? Quem mais é que vai levar uma estrela ao peito e ser cão xerife ou usar um lenço vermelho e ser cão motard? Quem é que vai descobrir um relógio de parede, ladrar para ele e mostrar que está na hora de ir embora?

Desculpa mas fazes-me falta. Às vezes ainda acho que te vou ouvir a passar no corredor ou a ladrar à porta. Acho que me vou esquecer muita vezes que não preciso de fechar a porta do quarto, basta apenas encostá-la porque já não a vais escancarar e fazer ar de "- Cheguei! Coçadela nas costas?!".

Adeus, meu cão.

sábado, 12 de novembro de 2011

Good old days


o meu cão é um cão tubo

Hoje, sua excelência desvairada, o cão Alfredo, foi sugado para um tubo que faz o escoamento da água de um lado para o outro de um açude. O acontecimento deu-se pela tarde, sob o olhar alarmado da família, mas debaixo de uma descontracção heróica do canídeo, que carregou consigo em todo o percurso subaquático o pauzinho que o levou ao local em questão. Quando atingiu o extremo oposto do tubo, surgiu de costas, ostentando o tal pau na boca.
Saiu ileso e ladrando. Haja saúde para os rafeiros dos dias de hoje!

10 julho 2008
(adaptações de histórias de vida)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ao fim da tarde, ninguém repara que vamos descalços

Leva-me daqui até que possa voltar sem erros. É aproveitar agora, que ninguém dá pela minha falta, que ninguém me quer ver. Agora que todos estão distraídos e que posso sair de fininho, levando uma fatia de bolo no bolso, embrulhada em guardanapos de festa e ainda com restos de cera derretida. Leva-me e vamos ausentar-nos por tempo indefinido, levando apenas uma caneta, para escrever os postais dos sítios por onde vamos parando. Não te esqueças apenas da saliva para os selos, importante para não se esquecerem de nós. Não precisamos de malas, nem roupa, nem cobertores. Vamos... e depois voltaremos um dia, cheios de recordações, com baús velhos para guardá-las.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

meia-noite

Para que me pegues ao colo e o mar seja o último sítio frio que sinta. Que as mãos não fujam mais do seu destino e tudo se adorne de algodão doce.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

marmelada com queijo

pois que a ausência não seja tanta, que a distância não nos separe, que cada vez que apetecer um sorriso e um beijo, te possa. não há nada a deitar para trás das costas, só há céus construídos com nuvens flamejantes da cor do fogo que arde ininterruptamente. há que apertar quando apetece, ir quando é tempo e dormir só nas horas vagas, entre nós. espero que estejas aqui amanhã, que não tenha que te deixar ir na maré e que seja dia de ficar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

pequenos contos de cabeceira

Soube a história de uma menina que gostava de molhar os pés em água fria, sempre no pico do Inverno. Ouvi a história com atenção, através dos ouvidos de outra pessoa. Não era a mim que estava a ser contada, mas não pude evitar de me tornar numa pequena atenta receptora de tal conto.
A tal menina gostava de longo passeios descalços na areia fria de Dezembro, de criar pegadas que rapidamente seriam apagadas. O seu sorriso avivava-se com as vagas crescentes do mar. Quanto maior a onda, mais passos rápidos se apagavam da areia. O seu momento preferido era quando a onda ganhava, quando os seus passos não eram tão rápidos que conseguisse fugir e quando acabava por molhar os pés, os tornozelos e até as calças, arregaçadas até ao joelho. Era aí uma menina feliz, com as suas manchas de sal sem mal.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

avelã-pimenta

Voltámos, regressados de dores mais profundas do que as palavras podem exprimir, da impossibilidade de sermos felizes. Encontrámos dois livros de auto-ajuda, cinco workshops de curas espirituais, duas centenas de dias de escuridão porque as janelas estavam fechadas, tantos e tantos desenhos macabros em costas arrefecidas pelo vento e pensámos que, finalmente, estava na altura de escapar da estupidez das dores de peito e enterrá-las num pocinho radiactivo mas isolado, para que crescessem e rebentassem sozinhas. Morte sangrenta a essas estúpidas causadoras de corações dilacerados, esmaguemo-las sem pena, concentrados apenas no momento em que não mais irão ditar sentimentos. Adeus-adeus!

smitten

Que bonitas tardes de sol, apenas pés na areia e mar a salgar os ombros. eram os pequenos sonhos de pequenas pessoas, todas residentes efectivas da sua simplicidade. Todas elas contentes por viverem no presente e na fácil ânsia de dar uma corridinha para apanhar a melhor onda. Só espero que não lhes chova em cima, que não lhes agitem o mar, que não se levante um vento digno de mudar dunas do deserto ou tapar aviões caídos entre elas. Eu só espero que a areia seja sempre branca, as toalhas às riscas, o chapéu de sol, o maior da praia e a praia a maior do mundo. É só um desejinho simples.

terça-feira, 12 de abril de 2011

intercidades

as cidades não se perdem nos mapas
fazem-se nos carris, que se encontram no horizonte

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

o mindinho já não é menino.

esta é uma história de amor sobre um dedo mordido. o dedo conheceu vários anos de indecisão amorosa antes de chegar à manhã de hoje. escreveu muito, sublinhou muito, tocou muito e seleccionou muita música. fez tantas e muitas coisas que os dedos fazem, sem que se destaquem dos outros. este dedo cresceu, superou as dores implicitas a este processo e quando chegou à sua altura de adulto, descobriu que não gostava muito de anéis nem da gordura da galinha. descobriu também que o prazer de estar coberto por chocolate e massa de bolos, se mantinha e que era muito melhor que qualquer colher ou espátula a fazê-lo. este dedo foi à escola como os outros, fez ginástica como os outros. ajudou a aprender a ler, escreveu com giz, fez parte do quadro de honra e assistiu aos vários entorses do seu amigo tornozelo. deu corda ao relógio e atou os atacadores, muitas e muitas vezes. tantas que o faz de olhos fechados. foi sempre um belo dedo indicador, com uma grande tendência para a crítica e reflexos rápidos. este dedo aprendeu a conduzir e tomou-lhe o gosto. mais tarde, entrou para a universidade e fez mais amigos dedos. este dedo não tinha nome próprio, apenas comum e cresceu e fez-se dedo adulto como tal.
mas a história deste dedo não se fez diferente até hoje de manhã, em que o pequeno dedinho, já de si um dedo adulto, com idade para beber e ser preso, sofreu um acidente na sua vida pacata de dedo amigo de pé que sofre entorses. quando este momento chegou, este dedo viu-se impávido, deleitado, incrédulo. este dedo viu-se mais próximo dos seus irmãos dedos e gritou o mais alto que conseguiu...


(esta história continuará como muitas outras, mantendo-se fantasma vivo nas linhas deste blog de histórias semi-reais e semi-fantasiadas... até lá.)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

HappyNewYear*

champagne e ostras,
amor e uma cabana.