segunda-feira, 19 de julho de 2010

nada acontece por aqui, que não aconteça também aí.

e é agora que acordam os leões.
os dramas das bestas despertam com a claridade dos dias e vemos os seus olhos raivosos, sedentos de sangue, dentes com sorriso de fome sarcástica. há uma migração lenta e calculada, nada movida a paixões. o tempo é medido, a distância percorrida com passos de caçador experiente. ninguém escapa. rolam cabeças, caem corpos, sobe o pó no ar. todos os passos se tornam rápidos, apressados, sente-se a pulsação rápida e sofrida, a ansiedade da fuga e a ansiedade da caça, o desespero dos que não conseguem fugir e a alegria fria dos que os conseguem derrubar. quando toda a terra desce sobre si mesma, de novo. após toda a luta, poucos sobram naquele lugar repleto de silêncio assustado e cheiro a tristeza. quem sobra, sobra de espírito quebrado e com planos de fugir para outro vale. onde se escondem outras fugas, outras lutas e mais perdas.

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