domingo, 26 de abril de 2009

sob a paixão

dos pulos, aos pulos, a historia inimaginável de um futuro pretendido e inapetecido pelas fomes do estranho sentir.
ao nascer o dia, ela levantou-se da sua cama de lençois amachucados, de almofadas desmembradas e de corpos nús, em posição de total ausência de pudor, caminhou meio ensonada, de olhos semi-cerrados para o primeiro cigarro da manhã. acendeu-o, pegou em três laranjas, espremeu-as e sentou-se na bancada da cozinha, com o cigarro acesso numa mão e o copo de sumo na outra.
a madrugada levantou-se tb ela, para deixar brilhar um sol tímido, de meio aquecimento, que mordia a areia da mesma forma tímida que os amantes se aproximaram na noite anterior. não há velocidade quando dois corpos se atraem, o tempo pára nesse pudor que luta contra a tensão instalada e impossível de reprimir.
ouviu um som, olhou para trás e viu o segundo corpo, aquele que tinha deixado adormecido na cama, a dirigir-se a ela, soltando um longo bocejo de noite descansada em colo confortável. roubou-lhe o pouco que restava do 1º cigarro, debruçou-se sobre ela, beijando-lhe o pescoço, incendiou de novo a sua pele, arrepiando levemente como a brisa súbtil que subia do mar nessa manhã. o copo de sumo ficou por terminar mas cada onda que nascia lá fora, corria até à areia, onde se desenrolava ora feroz ora delicadamente, reflexo do tudo que se passava com eles. eles até ao fim, seguindo a vida de quem não pára, de quem não existe, do fim que é o começo.

3 comentários:

manuel castro disse...

lovit!

rafeira de alcatifa disse...

obrigada!
benvindo :)
um chocolate para ti*

Anita disse...

Sempre bem docinho :)